07 maio 2013

Desencantos


E este cheiro a terra levemente molhada que exala o odor quente que as suaves gotas de chuva tentaram esfriar… Que mistura genuína de poderes ancestrais, abafada pelo calor dum tempo que não se define, apenas se transcreve passo a passo.

E felicidade é isto… A percepção exacta do que os nossos sentidos alcançam e que tantas vezes se desperdiça pelo descuido desatento de detalhes únicos…

Momentos de evidente captura, alocados na viagem que fazemos, sempre que nos prestamos a sentir o chão que pisamos e o ar que respiramos.

Ao passo que trespassava para o ‘outro mundo’, aquele desacordado, desliga-se o cérebro. E, as vidas que deixaram de existir, depressa não passarão de ténues sombras passageiras. “A vida é uma dança na corda oscilante do inesperado”, alguém disse, provavelmente intimidado pela presença permanente daquilo que sempre falta. Somos seres penitentes de uma inesgotável ausência.

Esta busca e confissão de sensações. Esta vertigem que embala os sentidos… Leva a pensar que a vida fora daqui talvez tenha os seus desencantos.