04 janeiro 2010

Astro de Pérolas Cinza...

O que é que uma carta nos pode segredar ao ouvido…?
Quem tem o dom de decifrar esse murmúrio coincidente e porventura aceitável…?
Quem nos fala dum futuro não escolhido, tensamente corrompido pela vontade de alguém?
Que verdades desconhecidas se afiguram íntegras e qual a respectiva personagem mística interveniente capaz de as descodificar?
O obscuro será sempre uma indiscrição penetrada duma magia submissa à vontade dum ‘eu’, mais macambúzio e trôpego, que o pérfido perfume ignominioso dum qualquer incenso…
O que se vê nesta invasiva premissa…?
Voltam-se as cartas, em jeito de denúncia e redobra-se a atenção, indispensável, a quem não deseja ser passado para trás…
Todos os signos e sinais perecem numa exactidão tão óbvia, quanto peças de puzzle entrosadas correctamente umas nas outras…
Às vezes parece somente que falta ler e voar sem limites, porque ao que parece estes são muitas vezes transpostos, sem qualquer vaticínio.
Ao virar as cartas… vejo um emaranhado de naipes sucederem-se, vejo números e figuras pseudo-humanas… que se corrompem suavemente… ou que por seu turno se completam em tempo útil numa precisão obrigatória… Quem é realmente capaz de decifrar esta simbologia descabida?
Quem se vale de magias, que não são mais que orgias putrefactas de memórias desalinhadas, esquece-se da sua corrosão lenta… Entrando na insegurança sombria da falta de dignidade, onde a cada dia que passa, a consciência atinge uma gravidade indefesa e precária, justamente pela intensidade da perda de si igualmente por si…
As vibrações emitidas condenam-se, condensam-se e ficam a descoberto sempre que a memória se lhes entrega…
Assim como a luz do dia é passageira por altura do Inverno, a certeza da escuridão das trevas e da noite sem luar é igualmente uma certeza…
Agrava-se este vazio de luz, quando dentro do teu corpo resta uma invasora nuvem negra toldada de memórias cinzentas que foste incapaz de colorir, assombram-te penumbras de solidão escorreitas… e a exactidão da tua infelicidade e do teu infortúnio é a tua dívida para com a tua alma conspurcada e vil.
Que hedionda forma de vida.
Que ímpeto coercivo de consumo de drogas que vão muito mais além dum mundo imaginário…
Que predadora maneira de seduzir e dominar presas inofensivas…
Que transversal dependência…
Preferia que te visses defronte a dúvida letal que protela o consumo da heroína, pelo já exacerbado vício da metadona… Chamar-te-ia: paciente. Teria uma desculpa.

Hi stranger
Look at me
Face your demons…
And share your life free…
At the end of the day…
You may run out of time…
Spell your nightmares and fears…
Slow down your tears…
‘Cause you’re still alive…

A compensação transitória do esforço pela bondade, é certo que não vai além da estabilidade da paz interior que não substitui o ideal de felicidade suprema…
Tudo o que observo, absorvo e disseco… Não são mais que os meus sentidos sentidos, num treino contínuo e incessante.
Se me basto, em circunstância, o paradoxo em mim é constante, pois as minhas dúvidas prendem-se com o absolutismo de palavras que parecem não ter nada mais para dar… Esgotando-se em si mesmas… Na verdade são meros pretextos ilusórios e inquisitórios que nos impedem de voar…
Suplantam a realidade e consequente fidelidade.
Não sei compensar-me doutro jeito que não em palavras efabuladas… digo muito com poucos recursos… É essa a minha poção mágica em ebulição… ou o meu veneno crucificado…
Vira o ano e vira-se mais uma página do calendário da vida.
Que conjectura combinada de signos de tonalidade universal caustica…
Baralho todas as minhas cartas, runas, búzios, karmas, chakras e tudo quanto possa existir no campo espiritual… A minha súplica dirige-se ao cosmos num arco-celeste de representações simbólicas e platónicas que me permitam viver na utopia das verdades subjugadas aos sonhos e, submersas na minha imaginação de mera espectadora… de mera criança…