26 agosto 2008

Fim de tarde...


Era um fim de tarde vulgar à beira-mar. Presentes estavam: eu, o sol, a praia e o mar. O tempo de Verão estava a acabar… E naquela cadeira à beira-mar, deleitava-me com aquele aroma e aqueles raios de sol que trespassavam a minha pálida pele. Àquela hora, o sol ainda aquecia os corpos que acordavam duma letargia cerrada…
Os minutos iam passando, mas aquele era um momento mágico em que me excedia para o endeusamento, perante tal fenómeno de relaxamento cristalino.
Realmente, nestes momentos de prazer… Não é preciso mais nada… A comunhão com a Natureza é autónoma, assertiva e, porque não, perfeita.
Cada momento deve ser vivido até ao limite chegar… É uma certeza.
Quando esse limite é por nós imposto, bem, aí podemos abusar… e saciar a nossa fome de vida e de prazer.
A cada movimento do ponteiro do relógio, soava um batimento tranquilo do coração… E o fim da beleza daquele dia estava a chegar ao fim… à semelhança das flores, os dias morrem bastante jovens. A mãe Natureza é justa ao conceder-lhes o dom da renovação. Até os seres inanimados precisam de uma nova oportunidade, para se reerguerem.
Do dia para a noite, também a noite é demasiado bela para ser ignorada, mas tantas vezes o é… e tantas vezes nos esquecemos da sua proeminente existência, que ela semicerra-se de vergonha, num nevoeiro zangado que nos dilacera a visão de tudo.
O sono acerca-nos como hipnose calculista… Que veloz e ao mesmo tempo efémero é essa morte consciente do inconsciente sem aparente explicação…
Conduzo a magnitude de cada passo que dou, como se cada um deles me levasse ao mundo das respostas dos porquês que me esqueci de responder ou de procurar resposta. Caminho sem direcção, mas em linha recta. Até onde? Até cruzar-me com o quê?
Cruzar-me-ei sempre com os momentos graciosos dum tempo que passou pois são esses que me inspiram o presente estagnado. Aguardo o futuro manchado de dias, de noites, para recordar…

07 agosto 2008

Caminhos por percorrer...

Estávamos no meio do mundo.
Pessoas que nunca vi, umas quantas conhecidas, outras que era suposto conhecer, Tu e Eu.
Os nossos olhos já se tinham encontrado ao longe.
Seria o frente a frente evitável ou inevitável?
Seria evitável se não acontecesse o inevitável.
A luz apagou-se, ficou noite cerrada.
Vultos de gente deambulavam por todo o lado.
Sorrisos, tropeções, vozes sumidas cuja conversa não acompanhava, nem fazia questão de acompanhar.
Deu-me vontade de aproveitar o momento, em filosofia carpe diem…
Quantas vezes acontece, não vivermos por receios presentes... Passados... Futuros?
As represálias podiam ser infrutíferas. E são-no muitas vezes, apesar de as escolhermos como opção primeira.
Será assim tão difícil que nos deixemos guiar pela prisão da liberdade de escolha?
Eu e tu.
A escuridão.
Os (a)braços.
Os olhos fechados pela escuridão que não se avistaram…
Os lábios que se aproximaram sem se tocar…
Que impasses são estes?
Serão sinónimo de vida?
Já não se vive vivendo.
Já não se consome devidamente a vida.
Passaremos assim tão despercebidos dela?
Ou até dela não queremos saber?
Bizarro!
A multidão dispersou…
Poucos restaram naquele lugar…
Tu e eu murmurámos alguns monossílabos distantes.
Trocámos palavras parcas…
Seguimos separados… o nosso caminho…
Todos temos um.