27 junho 2008

Inversão...


Ainda sinto o calor do toque da tua mão na minha.
Parece que não a querias largar.
Deixa lá. Eu também não queria largar a tua...
Estavas irremediavelmente distraído.
Não fazias nada que jeito tivesse.
Eu estava ali a observar-te divertida, esboçando um sorriso malicioso.
Folheava o livro que tentava ler, ou melhor, que tentava assimilar, 15 páginas num par de horas…
Que inconsequente diversão pra passar o tempo.
Divertes-me, sabes?
Tanta gargalhada minha ouvi, dedicada a ti…
Não me admira que saibas de cor cada momento que apelido de ‘presente’.
Porque decoras a expressividade dos meus movimentos, das minhas palavras, do meu sentir?
Tens poder sobre mim.
Tens-me.
Perde o norte, como quem diz: desequilibra-te…
Gosto de te ver destrambelhado… desequilibrado…
Sê o que és quando estás comigo:
Único.

24 junho 2008

Sodade...*




Faz precisamente hoje quatro anos.
Tenho saudades.
Dos risos cúmplices.
Tenho saudades.
Das madrugadas.
Tenho saudades.
Das directas.
Tenho saudades.
Das noites bem passadas
Tenho saudades.
Do amor.
Tenho saudades.
Da amizade.
Tenho saudades.
Do carinho.
Tenho saudades.
Das cábulas que não olhei por as ter assimilado.
Tenho saudades.
Das aulas que faltei.
Tenho saudades.
Das aulas que perdi.
Tenho saudades.
Das aulas que sorri.
Tenho saudades.
Dos trabalhos que sofri.
Tenho saudades.
Dos exames que passei.
Tenho saudades.
De ser ESTUDANTE.
Tenho saudades.
E só esta minha faceta saudosista me faz lembrar que o que é bom, acaba sempre por chegar ao fim.

Bolas... tenho mesmo saudades!

*(Cesária Évora)

23 junho 2008

Até onde?




Devassa
Essa vida que não passa
Mas sinto que se ultrapassa…

Esforço-me
Forço-me
Movo-me…

Encontro-me…
Perco-me…
Reencontro-me…

Longe
Perto
A descoberto…

Corro
Escorro
E morro…

19 junho 2008

'Prison Break'


A clausura tomou conta da minha vida.
A cadeia dos sentidos, cada vez menos deixa ver os raios de sol.
‘O sol quando nasce é para todos, mas nem todos o aproveitam.’
Eu deixei de o aproveitar.
Estou farta da sua luz.
A ténue penumbra avista-se delicada e sincera.
Estou com fome de vida e sequiosa de existir.
Antevejo-me como um nada vivo, com membros que se movimentam desleixados e sem energia.
As minhas mãos estão imobilizadas.
De tanto perderem, já nada agarram.
Antes garras, hoje mão cheia de areia a esvair-se por entre os dedos.
Apoio-me no sabor do nada.
Salvaguardo-me no silêncio.
Aproximo-me da minha escura solidão.
Algemaram-me a esperança.
Cumpro pena perpétua.
Não tenho forças para abranger a condicional.
Ou de ver-me na sua liberdade.
Presa, amarrada, acorrentada ao passado.
Espraio-me na sombra que me sofre.
É sempre preciso um passado, para cair na prisão do presente.

18 junho 2008

Ready to fly...


Acordei com o calor do verão a trespassar a minha pele
O termómetro fazia jus àquela temperatura.
Os lençóis misturavam-se com o edredon a meus pés.
Para trás tinha ficado uma noite de sonhos de paixão.
Esboçava o sorriso terno com os olhos entreabertos.
Espreguiçava-me, esticava os músculos descansados e relaxados…
Precisava dum banho para esfriar o calor do tempo.
A espera de ti.
Faltava pouco para estar junto a ti, mas essa espera parecia vinda para durar.
No duche, a água acordava os restantes sinais vitais.
A água não estava quente, nem fria, mas para esta última se encaminhava.
Se pudesse paralisava o momento e fazia-o perdurar pela sensação de bem-estar.
Desligava-me do mundo, mas não me desprendia de ti.
Éramos um só mesmo na distância.
Era fatigante viver aguardando-te na surpresa de te voltar a encontrar.
Essa espera apesar de impaciente era mútua.
Valia, pois, passá-la e ultrapassá-la…
No reencontro.
Imaginar-te a pensar em mim é presunção minha.
Ou se calhar nem tanto… Porque gosto de ti.
Perdoas-me?
A água continuava a escorregar sobre o meu corpo, parecia beijar-me a pele.
Serias tu?
Presumi que sim. Estás vivo em tudo que toco, em tudo o que me toca os sentidos.
Enrolei-me na toalha com a mesma suavidade do teu abraço.
Estava pronta para viver mais um dia.
Assumidamente confiante pelo o que me trouxesse.

11 junho 2008

Falando (te) através de Música


CARTA Toranja

Accidentally in love Counting Crews
Do you love me? The Contours

Slow Kylie Minogue
Eu te devoro Djavan

Touch me Rui da Silva
Let me entertain You Robbie Williams
My Immortal Evanescence
Entre dos tierras Heroes del silencio

Passion Rodrigo Leão
I really am such a fool EzSpecial
Lua Pedro Abrunhosa
Eu não sei quem te perdeu Pedro Abrunhosa
The reason? Hoobastank
Diabo no Corpo. Pedro Abrunhosa

Sempre vieste INOX
Cavaleiro Andante Rita Guerra e Beto
De volta pró aconchego Elba Ramalho
Come away with me Norah Jones
If you give up Hands on Approach
This love? Maroon 5
- Problema de expressão. Clã

Sometimes you can’t make it on your own. U2
If I ain’t got you Alicia Keys

Born to try Delta Goodrem
Incomplete Backstreet Boys
Guilty Blue
Obsession Aventura
From this moment on Shania Twain
La tortura Shakira y Alejandro Sanz

Breath easy Blue
Agarra-me esta noite Pedro Abrunhosa
Take my breath away Berlin
We belong together Mariah Carey

Kiss Prince

Nothing compares to you Sinéad O’Connor

Força Nelly Furtado

One U2 Last Kiss Pearl Jam

P.S.: "Fotografia Juanes e Nelly Furtado"

Instrumento


Vejo-te chegar em tudo o que passa.
Persigo-te com a vontade de te ter…
Sou psicopata de ti.
Sodomizo-me de pressentir-te perto demais.
Qual entrega será mais verdadeira e automaticamente real, para não ser vivida?
Será despeito o que se avulta e se acumula em mim?

Sou harpa dos teus dedos que me tocam em vários sons e tons melódicos.
Fios nevrálgicos que me descontrolam, descompassam e te intensificam…
Passo a ser covil… de notas musicais não delineadas, autónomas…
Habilmente caio nos teus dedilhados…
A brisa que respiras é o meu apanágio acústico…
Deixo-me escorregar em ti…
Deixo-me levar por ti…
És a minha pauta, meu músico e meu maestro…
Numa arrojada overdose de música, vislumbro-te nesse calor que pesa sobre os corpos, sobre mim…
Está quente, estupidamente quente, chego a sentir-me nas mãos do inferno.
Miseravelmente, desmaio em ti.
Julgo que estarei no auge da loucura.
Da minha loucura de (te) sentir.

05 junho 2008

Fantasma de TI


É na sombra entoada dum piano que te escrevo…
Palavras ou notas soltas…
Fragmentos de nós.
Caiei frases que sentia anteriormente…
Despertas-me lágrimas em sorrisos quando me leio em ti.
Transcendes o meu corpo com a tua alma desenfreada.
Acendes a minha fogueira sem sequer me tocar…
As pontas dos teus dedos coordenam e condenam o meu respirar.
Olho-te nas memórias que tenho de ti:
- Terrivelmente vivas.
O relógio tem contado horas que me envergonharia… confessar.
Forço-me a este lugar, entre a precisão do realismo e a carência da ilusão.
Tens-me avassalado os sentimentos que não mais julgara sentir…
Forço-me a este limbo, não para me sentir certa ou em equilíbrio, mas sim porque nem sempre consigo estar sozinha.
Depois de te penetrar o olhar, efusivo …
Forço-me a desviar-me da solidão, mas nela permaneço.
Sozinha estou, sempre que penso, sempre que o redijo… sempre que me sinto.
Real! Será real o que pressinto?
A surrealidade que te contemplo e designo é uma homenagem que te presto:
- Deus de mim.

01 junho 2008

A(guardo-te)...


Parei o carro desajeitadamente.
Alguns rochedos e pouco areal separavam-me das ondas do mar e do seu carpir voluptuoso aliado do do vento…
Conduzi-me àquele sítio.
A meu lado erguia-se um símbolo que me habituei a suportar: - Uma cruz.
Juntamente, uma minúscula ermida.
As rochas afastavam-na do mar, que quando feroz, a salpica.
A noite já vai acometida… de horas…
Procuro estrelas, mas poucas alcanço no imenso céu.
Na rádio, um concerto em directo, duma banda dos anos 80: e “I’ll be there for You”, soava.
Ao passo que a melodia avançava, uma imensa solidão caiada de tristeza apoderou-se de mim levando-me às lágrimas.
Vários pensamentos díspares, se confundiam na minha cabeça.
A maquilhagem, posta estrategicamente, não sobreviveu ao pranto escorreito.
Também, ninguém avistava o meu rosto, cercado pela vaga de penumbra e da triste escuridão.
Em algum lugar estará alguém à minha espera, mas ali e naquele momento, estava personificado o vazio, juntamente de várias vozes difusas e mescladas, que me recordavam a beleza e a relevância que a música me ocupa.
O tempo passou… vulgar e demoníaco.
Encontrei alguma paz e parti.
Próxima paragem?
- O sono e os sonhos.

Aguardavam-me.