31 agosto 2007

Entre marés...

Cada minuto devia ter 100 segundos…
Para uns seria demasiado tempo, para outros seria ainda muito pouco para concluir as tarefas a que se propõem.
Nesta comparação ambígua de falar de tempo…
O que preciso é que ele passe rápido ou tão rápido quanto possível para não haver pausas para pensar…
No que existe,
No que existiu
Ou até mesmo no que deixou de existir.
Acolho todas as novidades como uma presença necessária.



Como se congela um sorriso?
Acho que apenas na minha memória os congelei.
Os meus, os teus…
Os nossos… cúmplices…
Guardo com saudade.
Guardo com todo o amor que nos une.
Guardo a imagem, o sorriso, a felicidade…
da tua presença toda ela sorrindo (para mim)!
São estas as memórias de ti que me fazem sempre feliz.

Pressa




Pressa.
Apenas pressa é o que cada vez mais temos que conviver…
Para quê tanta pressa se a vida se consome tão depressa?
Há que saboreá-la a cada grão de areia que se pisa…
Vale mais viver pouco,
Mas viver de tudo um pouco.
Com dignidade suprema.

“Tanto o optimista como o pessimista acabam por morrer. Mas os dois aproveitaram a vida de maneiras completamente diferentes.”


Shimon Peres in ‘Sou como o Rio que Flui’ de Paulo Coelho

Existe?!


Sou um livro aberto.
Não sei quantas páginas terei…
Ainda não escrevi o FIM.
Não sei se tenho medo de adormecer ou de acordar.
A cada dia que passa prefiro a minha solidão como companhia.
Acho que estou cansada da vida.
E triste por a conhecer.
Tento desligar o botão das amarguras,
Tento devolver sorrisos…
Mas ser altruísta não compensa.
Junto de estranhos chego ao cúmulo do sorriso mútuo que é muito mais que solidário…
Preciso da Epifania…
Desejo-a para tentar encontrar-me…
De uma vez por todas acho que preciso da manifestação de carinho que sei que existe.
Sinto-me exausta da vida…
É essa a revelação…

Afinal, nem sempre há um depois…

23 agosto 2007

VOAR... nas asas da vontade de...


Enquanto conduzia uma música veio ao meu encontro… “Learning To Fly” dos Pink Floyd…
As mensagens que recebemos todos os dias na maior parte das vezes passam bem despercebidas, mas garanto que andam por aí é só prestar atenção.
Quando mais ninguém, se não nós conseguimos dar respostas às nossas inquietações há que não ser imune aos sinais enviados do além…
XXX
Nisto sou capaz de repetir para mim própria: “Nada.” Exactamente por não se passar nada. E, talvez seja isso que me incomoda.
Misturo o querer, a obrigação e intrinsecamente já estava ligada a esse passo de crescer… Não dei conta, não deste conta… Fui-me deixando levar…
Vejo a sensibilidade em debandada permanente…
Rendo-me às evidências…
E recolho-me no meu quarto. Vou deixar embalar-me pelo cansaço do corpo. E entrar no mundo dos sonhos, que espero que sejam deliciosos, com sabor a algodão doce…
Espero encontrar-te lá. E a todos os que me fazem feliz…
Sei que nos sonhos tudo é perfeito ou passa lá perto.
E assim caio no realismo surreal da minha vida.

21 agosto 2007

Estaremos inocentes no sentir?


Encontraremo-nos...


"Ninguém avança pela vida em linha recta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutavelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar."

By Henry Miller, in "O Mundo do Sexo"

20 agosto 2007

Bem Hajam!


Muitos são aqueles que continuam a fazer acontecer...
Mulheres e homens sem rosto que são a prova da força da vontade de viver...
Parecem esquecidos e vagueiam num corropio dia após dia...
Fazendo o mundo girar...

A todos os Desconhecidos esquecidos (ou não) passo a mensagem:

«Somos todos protagonistas da nossa existência e, muitas vezes, são os
heróis anónimos que deixam as marcas mais duradouras.»


in "Ser Como o Rio que Flui" de Paulo Coelho

«Às Vezes»



"Às vezes tenho ideias felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto?
Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?..."



"Às Vezes" de Álvaro de Campos

Trouxe-te comigo....




“Somente

a Lua dos poetas

e os Olhos dos

apaixonados

brilham mais do

que o Sol...”

Autor desconhecido

15 agosto 2007

A...........


Quero prender-me a ti…
Com as algemas da alma…
Quero sorver cada momento que respiras.
Extrair de ti tudo o que me faz feliz…
A tua presença,
A tua demência,
O teu toque,
O calor dos teus braços entrelaçados no meu tronco na sombra de me ver fraquejar…
Sinto que és tudo para mim, quando ninguém é de ninguém…
Acalmas-me…
Afagas-me…
Entusiasmas o meu simples viver…
Adormecido e sempre desperto e descoberto por ti…
As palavras que uso recolhem a essência do medo de algum dia te perder e não haver nada mais para contar…
Existes para mim porque vives em mim…
Desde o dia em que te conheci…
És autêntico…
Adorável…
Intenso…
Denso…
Profundo…
És.
Existes.
E isso é o suficiente para a minha vida fazer sentido…
E multiplicar tudo o que de bom há em mim…
Talvez lentamente te dispa esse disfarce que não consegues abandonar…
E te faça sentir todo o colorido da vida…
A...........

02 agosto 2007

Histórias e Encontros com a realidade...




Tempo de Mudança…

Outro dia, em conversa com o meu pai percebi o porquê deste tempo estranho e indeciso…
Segundo a minha avó e a sua sabedoria popular, ela dizia qualquer coisa como: Deus disse que quando o homem pensasse saber mais do que Ele, que lhe trocava os tempos!
Parece que é o que está a acontecer… as estações confundem-se… como muitas outras coisas…
Vivemos o caos discreto duma sociedade que não se impõe por regras, mas por delírios evasivos cujas respostas e regras são ditadas por recalcamentos que já não fazem sentido…





«Os outros»

Tinha quatro anos e meio e referia-se a eles como os ‘outros’. Era ainda uma criança, mas já tinha sofrido a tristeza de ter sido abandonado pelos pais biológicos (‘os outros’)…
Depois da adopção reconheceu as palavras pai e mãe e ainda os afectos da avó que se entregou de corpo e alma àquela dádiva. Àquela bênção.
Tão tenra idade e já sabia quem o fazia feliz…
Essas pessoas tinham nomes.
Tinha entrado numa verdadeira família… apenas não esquecia os avós da parte ‘dos outros’… que lhe foram afastados pelos ‘outros’.
São estes os dons das crianças…
Criam laços…
Junto do Amor que lhes é dado!





Almas caídas…

São vultos, almas, esqueletos até…
Parecem esquecidos à margem de tudo.
Caminham, rastejam, vivem num outro mundo…
São velhos ou estarão velhos?
O seu espírito estará mais perto ou mais longe da realidade?
Vivem num outro mundo.
Um mundo qualquer…
Já pouco ouvem as vozes da vida…
Cambaleiam… magros, gordos, senis, trôpegos, com idade ou sem idade…
Já não se chamam velhos do Restelo, pois já não têm voz para gritar o que a idade lhes deu: inconformidade e melancolia.
São os loucos de amanhã…
E dão os primeiros passos hoje.





Filha única

Lígia era filha única. Tinha pouca idade mas já falava como ‘gente grande’.
Trazia um vestido azul bebé com uma boneca enorme.
A bolsa a tiracolo, o cabelo negro curto e os óculos em arame preto davam-lhe a suavidade doce, duma miúda encantadora.
No rosto tinha a expressão habituada da solidão.
Chegou junto a mim retraída.
O seu pai deixara-a ao pé de mim e dos meus bonecos.
Alguns viriam a ser seus, mais para a frente.
Disse que me queria ajudar a vender, porque gostava de ajudar os outros.
Predispus-me a ouvi-la e ela contou-me tudo o que conseguiu dizer nos instantes em que o pai se ausentara.
Era tímida, mas bastou pô-la à vontade para me contar o mundo que a acolhia dia-a-dia.
Confessou que adorava ter uma irmã para poder brincar e ensinar-lhe muitas coisas…
Ouvi-a com a satisfação de ver uma criança feliz, dei-lhe toda a minha atenção. E isso bastava-lhe.
Era vulgar Lígia aguardar o pai, enquanto ele trabalhava.
Uma rotina que a deixava aborrecida.
O pai da pequena Lígia regressou.
Logo quando ela estava apegada à minha companhia.
Era tempo da despedida.
Agarrou-se ao meu pescoço e deu-me dois beijos.
Tinha ganho uma pequena nova amiga…
O pai ficara surpreso por aquela atitude espontânea.





Número três inoportuno…

Maria estava desanimada.
O rumo da sua vida tinha tomado todos os rumos que nunca julgara que pudesse ser possível alcançar.
Era mais uma visita à sua filha, de 32 anos, paraplégica.
Que na sexta-feira seguinte regressava a casa…
Abeirou-se de mim…
À procura dum ombro ou até mesmo dum desabafo com alguém desconhecido. Chegou a pedir desculpa, pelas confidências…
A voz de Maria era sumida num choro contido.
Os seus olhos lacrimejavam enquanto contava o drama que a sua vida se tornara.
Esta mulher sofreu grandes perdas…
O seu karma era trágico.
O pesadelo começou quando à sua outra filha foi diagnosticado um cancro genético por parte do marido. A rapariga, com o sistema linfático minado pela doença teria um fim rápido.
O pai de Maria, médico, foi quem lhe deu a notícia que a filha tinha pouco tempo de vida. Já não havia mais nada a fazer, senão ser forte e oferecer todo o carinho possível e imaginário à jovem que viria a falecer aos 21 anos.
Não refeita da perda, três anos depois, é o marido quem a abandona abalroado pela doença vil genética. O número 3 estaria ainda presente, porque tinha falecido três dias depois da sua filha mais velha completar 27 anos. Era Natal, mas foi a infelicidade quem bateu à porta.
Maria olhava-me com tristeza da sua sorte e levara uma boneca de trapos com tranças amarelas para oferecer à sua ‘pequena’ de 32 anos…
Comentava que ia levar simbolicamente naquela boneca a irmã que já tinha partido… para lhe fazer companhia…
Maria encontrou um subterfúgio no amor aqueles que lhe restam.
Teve o pulso para pegar no leme e nunca abandonar o barco…
Pediu desculpa pelo desabafo, disse que eu não tinha nada que a estar a ouvir…
Tirei uma lição:
A tristeza e a perda são grandes demais, para a impaciência dos caprichos…
Como diz a canção: ‘A vida é tão curta… tão rara…’





Dá que pensar…

Entrou.
Estava calado.
Devia ter aproximadamente 8, 9 anos não mais.
Trazia a mochila às costas, rumo à escola.
Sentou-se no primeiro lugar disponível no autocarro.
Na paragem, enquanto aguardava o autocarro havia dito a outros passageiros que ia visitar e falar com o pai.
Algumas paragens à frente, o miúdo saiu todo satisfeito ao encontro do pai.
Apesar de toda a satisfação do menino, o pai já tinha partido, ainda jovem, há cerca de um ano devido a doença grave.
Antes das aulas, a criança passava religiosamente no cemitério para falar com o pai.
Ele dizia, que conversavam e brincavam muito… os dois.
Respiro fundo e só consigo pensar que:

A vida é mesmo como um autocarro.
“Fora o motorista, é tudo PASSAGEIRO…”
Há que aproveitar a viagem…



«A vida não é medida pelas vezes que respiramos, mas sim pelas vezes que nos tiram a respiração ...»